terça-feira, outubro 17, 2017

Síria: a morte dos mercenários e membro do spetsnaz russo

Nos últimos dias surgiram as notícias sobre as mortes na Síria de vários militares russos, possivelmente mercenários da EMP grupo Vagner (com a participação nas atividades terroristas no leste da Ucrânia e na ocupação da Crimeia) e um militar das forças especiais, afeto ao Ministério da Defesa russo (de acordo com a sua esposa, este também era mercenário).

O mercenário russo Ivan Ilchevskiy (na imagem em baixo) foi sepultado no dia 3 de setembro de 2017 na cidade de Volzhsky na província russa de Volgograd. A data e local de sua morte são desconhecidos. À julgar pela sua foto, publicada nas redes sociais, o mercenário participou nas atividades terroristas no leste da Ucrânia.

Na cidade de Kazan foi sepultado o tártaro étnico Azat Nurullin (11/06/1991 – 26 anos) que participava na guerra civil da Síria desde meados de agosto de 2017. Sabe-se que a sua principal motivação era a financeira (EMP “Vagner” o aliciou com salário de 360.000 rublos mensais – 6.306 dólares), o mercenário queria ganhar o dinheiro fácil, pretendia se casar em breve, comprar um apartamento. Foi morto pelo fogo do franco-atirador na província de Homs, ainda em 15 de setembro, o seu corpo foi devolvido à família apenas em 6 de outubro de 2017.
Um dos seus familiares contou aos jornalistas que os representantes dos serviços secretos russos proibiram-lhes, de forma categórica, de falar com a imprensa, até o enterro do corpo do mercenário. Na cerimónia do enterro estavam presentes os militares e funcionários do Comissariado militar (estrutura local do Ministério da Defesa russo), escreve vladtime.ru

O mercenário russo Vitaly Beliaev (24). Participou na ocupação e anexação da Crimeia, foi condecorado com a medalha estatal russa do Ministério da Defesa “Pela devolução da Crimeia”. Abatido na Síria em 22 de setembro, o local de sua morte é desconhecido.

Os blogeiros e a imprensa local russa informaram sobre a morte na Síria do Mark Neymark (25) natural da cidade de Megion da região de Khanty-Mansiysk. De acordo com a imprensa local, ele será enterrado no dia 17 de outubro. Neymark teria sido morto numa explosão de mina terrestre; a data e local de sua morte são desconhecidos. As fotos do seu perfil nas redes sociais sugerem que ele era militar russo sob contrato, possivelmente membro de uma unidade das forças especiais (spetsnaz). O Ministério da Defesa da Rússia, não confirmou a sua morte, procedimento, que, alias, se encaixa na nova lei russa de manter em segredo a morte dos militares, ocorridas “no tempo da paz”.
UPD: De acordo com a sua viúva, Xenia Neymark, Mark também era mercenário, ele assinou o contrato com uma EMP e em viajou para Síria em 28 de junho corrente, morrendo em 28 de setembro de 2017. Xenia contou que motivação do Mark era financeira e que no memento em que ela visitou a cidade russa de Rostov-on-Don para receber a compensação finaneceira pela sua morte, viu três outras famílias russas que estavam fazer o mesmo.  

O mercenário russo Roman Solnyshkov (20.08.1985), tal como vários outros membros da EMP “Vagner” em 2014-15 participou nas atividades terroristas no leste da Ucrânia, inserido no bando ilegal armado “batalhão Sparta” (comandado pelo terrorista russo Arsen “Motorola” Pavlov). A data e local de sua morte são desconhecidos. Sabe-se que mercenário deixou dois filhos menores, os órfãos nascidos em 2009 e 2014, respetivamente.  

Na cidade russa de Magnitogorsk, em 14 de outubro corrente, foi sepultado Mikhail Chernov (27), morto na área de Deir-ez-Zor em 28 de setembro de 2017.

Além disso, se sabe da morte do um “cossaco” com nom de guerre “Kalych” (1989) e um tal de Dmitri da cidade de Michurinsk.

As guerras atuais, são marcadas pelo uso tático dos mercenários, para minimizar as perdas entre os militares das forças regulares. Praticamente ninguém se preocupa com a morte de um mercenário, além da família próxima e/ou alguma namorada, a opinião pública considera a sua morte justa, pois “ele sabia o que iria encontrar”. A principal diferença entre os mercenários (e as EMP russas) e suas congéneres ocidentais, é a maneira como são empregues estas forças. No ocidente, os membros das EMP são forças de elite, usadas para as operações pontuais, não são usadas como infantaria e “carne de canhão”.

No ocidente, os membros das EMP são ex-militares das forças especiais, altamente treinados e motivados para as suas missões de alto risco. As mortes entre eles são raras, algo fora de comum. Os mercenários russos são meninos e homens de 25-45 anos, sem algum treino muito especial, que no máximo têm no seu currículo a SMO nas FA russas e uma participação (mas nem sempre) em alguma guerra local no espaço pós-soviético ou na recente guerra russo-ucraniana. Atualmente são usados na Síria como infantaria, dado que exército sírio se transformou num conglomerado de bandos, liderados pelos “comandantes do campo”. Tal como no Afeganistão, os russos morrem pelos interesses geopolíticos absolutamente ilusórios, que facilmente serão esquecidos e varridos debaixo do tapete em caso da mudança do regime em Damasco ou mesmo, simplesmente por causa de alguma proposta ocidental, que al-Assad decidirá em não desperdiçar.

O conhecido terrorista russo Igor “Stelkov” Girkin, afirmou recentemente, citando um dos seus ex-subordinados feridos, que nas duas últimas semanas as forças armadas russas perderam na Síria (de forma irrecuperável) cerca de 20 efetivos e cerca de 60 foram perdidos pelas EMP.

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