quarta-feira, novembro 15, 2017

A queda do Mugabe e a fuga da «Gucci» Grace Mugabe (20 fotos)

As forças armadas do Zimbabwe (ZDF) assumiram o controlo de Harare e Bulawayo e prenderam o velho ditador e a sua família. A troco de abdicar do poder “por bem”, Mugabe negociou a saída do país da sua esposa, Grace «Gucci» Mugabe, que, parece que se dirigiu para Namíbia. Os militares revoltosos insistem que não estão fazer nenhum golpe do estado.
Os 90 principais oficiais do exército e da força aérea comandam o movimento, que aparece sem divisões internas. As ZDF dizem que avançaram «para deter bandos de criminosos que se apoderaram do estado», em torno de Robert Mugabe. O núcleo militar inclui os chefes da cinco «brigadas» operacionais, da unidade motorizada do quartel de Inkomo (incluindo os blindados da base de Nkomo-Darewendale), comandada pelo brigadeiro Paul Chima, a guarda presidencial (os «boinas amarelas», na foto em baixo) sob comando do Anselem Sanyatwe, os comandos do coronel Chidawanyika, os SAS do coronel Casper Nyagura, as forças especiais anfíbias, aquarteladas na base da garganta de Kariba, e os «helis» e K8 de ataque da base de Fylde (perto de Chegutu, a uma hora a sudoeste de Harare).
Foram presos os principais membros do chamado «G40» da ZANU-PF, uma facção em torno da mulher de Mugabe, «Gucci» Grace (a «comunista» com gosto pelas grandes marcas), incluindo o Ministro das Finanças.
Mugabe e Grace em 1996
A China, onde o chefe das ZDF tinha ido na semana passada, declarou-se «alheia» à intervenção. A África do Sul, que recebera o Vice-Presidente demitido por Mugabe, Emmerson Mnangagwa, também diz ser «alheia» à movimentação militar. Todos pedem «calma».

Tudo indica que será o fim do regime nacional-socialista cleptocrático que tem desgovernado o Zimbabué, depois de eleições fraudulentas em 2013, do regresso ao monopartidarismo musculado, e do descontentamento geral nas ruas e nos campos, onde uma larga percentagem de cidadãos vive sem condições mínimas, enquanto a clique dirigente se banqueteia. Se espera que o golpe militar não seja uma mera substituição de oligarquias, mas o caminho para algo totalmente diferente e justo. Outros déspotas locais, mais ou menos esclarecidos, pensam também no futuro, escreve o jornalista português Nuno Rogerio.

Um pouco da história

Presidente em funções desde 1987 e antes disso, primeiro-ministro desde 1980, Robert Mugabe levou o seu país à falência e bancarrota total em 2002, quando começou a reforma agrária, expropriando 3041 farmas dos agricultores, maioritariamente brancos e aprovando a lei de “zimbabweanização” das empresas estrangeiras. Em resultado, apenas em maio de 2002 quase 1 milhão de pessoas perderam os seus empregos, muitas empresas simplesmente fecharam as portas.

[Fuzilamento do Nicolae e Elena Ceauşescu, +16]


Em 2005 Mugabe decidiu liquidar os bairros “degradados”, num único ano 200.000 pessoas perderam as suas casas, até 2007 o seu número subiu até 2,5 milhões.


Em 2008 a inflação chegou ao recorde mundial de todos os tempos — 100.580 % anuais. Dos 12 milhões de pessoas, 10 nilhões vivem abaixo da linha da pobreza, cerca de 3 milhões emigraram, principalmente para África do Sul.


02. A atual crise política no Zimbábue foi desencadeada por purgas no partido no poder – Mugabe começou ajustar as contas com aqueles que ele considerava seus rivais políticos e demitiu o primeiro vice-presidente Emmerson Mnangagwa, após disso, o chefe das forças armadas zimbabuenses, general Constantine Chivenga ameaçou que exército iria intervir.

03. Mugabe acusou Mnangagwa de tentar derruba-lo do poder com a ajuda de uma feitiçaria terrível e muito forte, após essas acusações o vice-presidente teve que deixar o país. Ao mesmo tempo, Mugabe começou as perseguições contra uma centena de funcionários do seu circuito próximo, enquanto isso, nos subúrbios de Harare, apareceram os tanques e blindados:

04. Constantine Chivenga manteve sua promessa e ordenou a entrada de tropas na capital, na foto, os blindados bloqueiam a estrada ao Tribunal Supremo.

05. Bloqueio das estradas em Harare:

06. Os militares tomaram o controlo da companhia nacional de rádio e televisão, bloqueando as entradas e as saídas do edifício, colocando no ar uma transmissão musical,  em substituição das notícias (aparentemente por análogo ao uso do bailado “Lago dos Cisnes” na TV soviética em 19 de agosto de 1991).

07. Um pouco mais tarde, a televisão local transmitiu o discurso do major-general Sibius Moyo, que anunciou que o presidente Mugabe e sua esposa foram detidos e “não sofrem de nenhuma ameaça”.

08. Os blindados nas ruas de Harare:

09. Os militares verificam as viaturas nas proximidades dos edifícios governamentais e administrativos:

10. Os militares regulam o tránsito:

11. Blindado chinês NORINCO-63 (ou possivelmente T-85-89 AFV) bloqueia uma das ruas centrais da capital zimbabueana:

12. Os cidadãos formam as filas nos bancos.

13. Mais filas.

14. Mais um banco:

15. A venda de fruta nas ruas de Harare:

16. Cartaz com a imagem do líder da oposição Morgan Tsvangirai:

17. Billboard com a propaganda do partido governamental ZANU-PF e o seu líder Mugabe:

18. Mercado.

19. Mais filas.

20. Militares.

Parece que é o fim do Mugabe.
E vocês, os nossos queridos leitores, como pensam que acabará esta situação?
Fotos @GettyImages | Internet | Texto Nuno Rogerio e Maxim Mirovich

1 comentário:

Jest nas Wielu disse...

Lusavarghi: será novamente julgado, desta vez fora de Kyiv (por questões processuais), tudo indica que será novamente condenado, pois o advogado não apresentou nenhum atenuante, o argumento de "torturas" não tem nenhuma base lógia ou legal, pois réu foi condenado unicamente pelos factos públicos postados por ele próprio (as suas fotos e vídeos foram muito úteis): http://ucrania-mozambique.blogspot.com/2017/10/o-novo-julgamento-do-terrorista.html