quinta-feira, novembro 16, 2017

Como os americanos alimentavam os famintos russos

Na sequência da fome russa de 1921, uma das consequências diretas de políticas soviéticas do “comunismo de guerra”, o programa americano American Relief Administration (ARA), alimentava diariamente até 10,5 milhões de pessoas. As operações foram encerradas em junho de 1923 após se descobrir que a Rússia soviética renovou a exportação de grãos.
Fome russa de 1921 | foto @kpbs.org
O programa ARA foi formado pelo Congresso dos Estados Unidos em 24 de fevereiro de 1919, com um orçamento de 100 milhões de dólares. Seu orçamento foi impulsionado por doações privadas, o que resultou em mais 100 milhões de dólares. Na sequência imediata da I Guerra Mundial, ARA entregou mais de quatro milhões de toneladas de material de socorro aos 23 países europeus devastados pela guerra.
Cartaz do ARA na Rússia: Dadiva do povo americano
fonte @Hoosier State Chronicles
No auge das suas operações, ARA empregava 300 funcionários americanos, mais de 120 mil russos e alimentava diariamente 10,5 milhões de pessoas. Suas operações na Rússia soviética foram encabeçadas pelo coronel William N. Haskell. A Divisão Médica da ARA funcionou de novembro de 1921 à junho de 1923 e ajudou a superar a epidemia do tifo que devastava a Rússia. As operações de alívio de fome da ARA funcionaram paralelamente com operações de alívio de meninositas, judeus e quaker, de ambito menor.
foto @arquivo
«O portador deste cupão alimentou o pequeno órfão faminto da Rússia soviética por um dia», EUA, 1923
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O epicentro da fome russa de grandes proporções de 1921 na região de Volga estava na cidade de Buzuluk, que recebeu o grosso modo da ajuda estrangeira – principalmente dos quakers britânicos e americanos. Ao pedido e com a permissão das autirdades soviéticas, eles começaram o programa, de larga escala, de fornecimento dos alimentos às populações carenciadas da cidade e das outras localidades do distrito de Buzuluk (ler mais: A grande fome russa e ajuda anglo-americana).
Quadro chamado “Entrega dos Alimentos” (1892) mostra uma carroça russa de três cavalos (a famosa tróica), carregada de alimentos americanos e um camponês russo empenhando, com orgulho, a bandeira dos Estados Unidos.
No entanto, não foi a primeira vez que os norte-americanos salvavam os russos da fome. Basta recordar a grande fome russa de 1891-92 que ceifou as vidas de cerca de 400.000 camponeses russos. O número das vítimas poderia ser muito maior se não fosse a ajuda e empenho da sociedade civil norte-americana, desde filantropos famosos até os populares anónimos (ler mais: A história proibida da grande fome russa: a preciosa ajuda americana). 
Quadro se chama “O navio da ajuda” (o título inicial “A chegada do navio “Missouri” com o trigo à Rússia” (1892) e é dedicado à chegada da ajuda alimentar americana nos portos do império russo em 1892.
O movimento de solidariedade americana foi retratado em dois quadros do famoso pintor russo de origem arménia e ucraniana, Ivan Aivazovskii, esquecidos e ignorados na Rússia atual. Ambos são dedicados à época em que os EUA e dos americanos salvaram milhares de camponeses russos da morte certa, a morte que poderia ser evitada pelo seu próprio governo, mas não foi. A morte que foi impedida exatamente pelos cidadãos norte-americanos, considerados, por muitos russos, como os seus “inimigos № 1”.

Intervenção militar americana na Rússia soviética em 1918-1920
Força Expedicionária Americana “Sibéria”, cidade de Vladibostok, agosto de 1919
foto @Wikipédia
Os historiadores e ativistas conotados com a esquerda, costumam apontar o facto de que os EUA interviram militarmente na Rússia soviética, no decorrer da sua guerra civil em 1918-1920. No entanto, é omitido o facto de que a Força Expedicionária Americana “Sibéria” (American Expeditionary Force Siberia) e Expedição “Urso Polar” (Polar Bear Expedition), pratiamente não participaram em combates. O general americano William S. Graves, que comandava os 7.950 homens da AEF “Siberia” chegou ser acusado pelas forças anticomunistas russas de favorecer os insurgentes bolcheviques, que atuavam absolutamente livremente nas áreas de sua responsabilidade, controladas pelas forças americanas.
339ª unidade de infantaria da Força Expedicionária americana no norte da Rússia (Archangelsk)
foto @PrintScrean YouTube

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